MECANISMO BIOLÓGICO BÁSICO: REPLICAÇÃO DO DNA

 



INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INTERNACIONAL DE ANGOLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE MEDICINA DENTARIA

 

 

 

BIOLOGIA CELULAR, MOLECULAR

 

 

 

TEMA

MECANISMO BIOLÓGICO BÁSICO: REPLICAÇÃO DO DNA

 

 



1.   INTRODUÇÃO

 

No vasto domínio da biologia, poucos processos têm tanta importância quanto a replicação do DNA. É o mecanismo fundamental pelo qual a vida se perpetua, assegurando a transmissão fiel da informação genética de uma geração para a seguinte. Desde a intrincada estrutura de dupla hélice até à coordenação precisa de enzimas e proteínas, a replicação do ADN.

Após a síntese completa das novas cadeias de DNA, ocorre a ligação entre os fragmentos de DNA recém-sintetizados. Essa ligação é realizada pela ação da enzima liga-se, que une os fragmentos de Okazaki na fita atrasada.

Ao final da replicação, temos duas moléculas dupla hélice de DNA idênticas à molécula original. Cada uma das fitas originais serve como molde para a síntese de uma fita complementar, resultando em duas moléculas genéticas idênticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.   FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.      MECANISMO BIOLÓGICO

O mecanismo biológico refere-se ao conjunto de processos e sistemas que ocorrem no organismo vivo, permitindo o seu funcionamento e manutenção da vida.

Desde o nível celular até o nível do organismo como um todo, os mecanismos biológicos estão envolvidos em uma série de atividades vitais, como a respiração, digestão, circulação sanguínea, reprodução, regulação hormonal, resposta imune, entre outros.

Esses mecanismos são controlados por um complexo sistema de comunicação interna, envolvendo sinais químicos e elétricos que são transmitidos entre as células e tecidos do corpo. Os órgãos e sistemas do corpo humano estão interligados e trabalham em conjunto para garantir o equilíbrio e a funcionalidade do organismo.

Além disso, os mecanismos biológicos também estão relacionados à adaptação e resposta do organismo a estímulos do meio ambiente. Por exemplo, o sistema nervoso permite a percepção e o processamento de estímulos sensoriais, enquanto o sistema imunológico protege o organismo contra agentes infecciosos e doenças.

Existem diferentes mecanismos biológicos que garantem o funcionamento adequado dos organismos, tais como:

1.    Regulação térmica: mecanismos de controle da temperatura corporal, como a transpiração e a contração ou dilatação dos vasos sanguíneos.

2.    Regulação osmótica: mecanismos que controlam o equilíbrio de água e sais minerais no organismo, garantindo sua sobrevivência em diferentes ambientes.

3.    Regulação hormonal: o sistema endócrino produz hormônios que atuam como mensageiros químicos para regular diversas funções do organismo, como o metabolismo, a reprodução e o crescimento.

4.    Regulação do sistema imunológico: mecanismos de defesa do organismo contra agentes patogênicos, como células de defesa, anticorpos e resposta inflamatória.

5.    Regulação do sistema nervoso: o sistema nervoso é responsável pela coordenação e controle das diversas funções e atividades do organismo, através de impulsos elétricos e químicos.

6.    Regulação da digestão e absorção de nutrientes: processos que ocorrem no sistema digestivo para decompor os alimentos em substâncias assimiláveis pelo corpo.

Esses mecanismos biológicos são essenciais para a sobrevivência e o funcionamento adequado dos organismos, garantindo sua adaptação ao ambiente e a manutenção da saúde.

2.2.      REPLICAÇÃO DO DNA

A replicação do DNA é o processo de duplicação da molécula de DNA. Nele ocorre a separação das duas cadeias de nucleotídeos e a formação de cadeias complementares. A replicação ocorre antes da divisão celular, durante a interfase.

O processo de replicação inicia-se com a separação das duas fitas que formam a molécula de DNA. Em seguida, ocorre a ligação dos nucleotídeos livres no núcleo a um nucleotídeo correspondente em uma das fitas. Tem-se agora duas moléculas de DNA, constituídas por uma fita antiga, pertencente à molécula original, e uma fita nova. Esse processo é considerado, assim, semiconservativo.

Na replicação, a molécula de DNA será duplicada. As duas moléculas formadas serão constituídas por uma fita que pertencia à molécula original e uma fita recentemente sintetizada. Pelo fato de as novas moléculas serem constituídas por uma fita “antiga” e uma “nova”, esse processo é denominado semiconservativo. O processo de replicação é mediado por ação de algumas enzimas, como a helicase, responsável por desenrolar a hélice de DNA e separar as cadeias de nucleotídeos.

 

2.2.1. Início da replicação de DNA

Como as DNA polimerases e outros fatores de replicação sabem onde começar? A replicação sempre começa em locais específicos no DNA, que são chamados de origens de replicação e são reconhecidos pela sua sequência.

E. coli, como a maioria das bactérias, tem uma única origem de replicação em seu cromossomo. A origem tem cerca de \[2t45\] pares de bases e tem principalmente pares de bases A/T (que estão ligadas por menos pontes de hidrogênio que os pares de bases G/C), tornando as fitas de DNA mais fáceis de separar

Proteínas especializadas reconhecem a origem, ligam-se a este sítio, e abrem o DNA. Conforme o DNA se abre, duas estruturas com formato de Y, chamadas de garfos de replicação, são formadas, juntas compõem o que é chamada uma bolha de replicação. Os garfos de replicação movem-se em direções opostas à medida que a replicação acontece.

Cromossomo bacteriano. A dupla fita de DNA de um cromossomo bacteriano circular é aberta na origem de replicação, formando uma bolha de replicação. Cada extremidade da bolha é um garfo de replicação, uma junção no formato de Y onde a dupla fita de DNA é separada em duas fitas simples. Novo DNA complementar para cada uma das fitas é sintetizado em cada garfo de replicação. Os dois garfos movem-se em direções opostas em volta da circunferência do cromossomo bacteriano, criando uma bolha de replicação cada vez maior que cresce em ambas as extremidades.

Como a replicação acontece, de fato, nos garfos? Helicase é a primeira enzima de replicação a se ligar na origem de replicação. A função da helicase é avançar os garfos de replicação "desenrrolando" o DNA (quebrando as pontes de hidrogênio entre os pares de bases nitrogenadas).

Proteínas chamadas proteínas ligadoras de fita simples recobrem as fitas separadas de DNA próximo ao garfo de replicação, impedindo-as de ligarem-se novamente em uma hélice dupla.

2.2.1.1.    Primers e primase

Polimerases de DNA somente podem adicionar nucleotídeos à extremidade 3' de uma fita existente de DNA (elas utilizam o grupo -OH livre encontrado na extremidade 3' como um "gancho", adicionando um nucleotídeo a este grupo na reação de polimerização) Como, então, a DNA polimerase adiciona o primeiro nucleotídeo em um novo garfo de replicação?

Sozinha, ela não pode! O problema é resolvido com a ajuda de uma enzima chamada primase. A primase faz um primer de RNA, ou um trecho curto de ácido nucleico complementar ao molde, que fornece uma extremidade 3' para a DNA polimerase trabalhar. Um primer típico tem cerca de cinco a dez nucleotídeos. O primer inicia a síntese de DNA, isto é, faz com que ela comece.

Uma vez que o primer de RNA está em seu lugar, a DNA polimerase o "amplia", adicionando nucleotídeos um por um para fazer uma nova fita de DNA que é complementar à fita molde.

2.2.1.2.    Fita líder e fita tardia

Em E. coli, a DNA polimerase responsável pela maior parte da síntese é a DNA polimerase III. Há duas moléculas de DNA polimerase III em um garfo de replicação, cada um deles trabalhando duro em uma das duas novas fitas de DNA.

DNA polimerases podem somente fazer DNA na direção 5' para 3', e isto coloca um problema durante a replicação. Uma dupla hélice de DNA é sempre antiparalela; em outras palavras, uma fita vai na direção 5' para 3', enquanto a outra vai na direção 3' para 5'. Isto faz com seja necessário que as duas novas fitas, que também são antiparalelas a seus moldes, sejam feitas de maneiras ligeiramente diferentes.

Uma das novas fitas, a que se desloca de 5' para 3' em direção ao garfo de replicação, é a fácil. Esta fita é feita continuamente, porque a DNA polimerase está se movendo na mesma direção que o garfo de replicação. Esta fita sintetizada continuamente é chamada fita líder.

A outra fita nova, que se desloca de 5' para 3' distanciando-se do garfo, é mais intricada. Esta fita é feita em fragmentos porque, conforme o garfo avança, a DNA polimerase (que se afasta do garfo) se separa e se religa ao DNA recentemente exposto. Esta fita intricada, que é feita em fragmentos, é chamada fita tardia

Os pequenos fragmentos são chamados de fragmentos de Okazaki, em homenagem ao cientista japonês que os descobriu. A fita líder pode ser ampliada a partir de um único primer, enquanto a fita tardia precisa de um novo primer para cada um dos curtos fragmentos de Okazaki.

2.3.      Mecanismos de reparo de dano no DNA

Danos ao DNA podem ocorrer em quase qualquer ponto do tempo de vida da célula, não apenas durante a replicação. Na verdade, seu DNA sofre danos todo o tempo, por fatores externos como luz UV, produtos químicos e Raios X, sem falar nas reações químicas espontâneas que acontecem mesmo sem agressões ambientais

Felizmente, suas células têm mecanismos de reparo para detectar e corrigir muitos tipos de danos ao DNA. Os processos de reparo que ajudam a corrigir o DNA, incluem:

·         Reversão direta: Algumas reações químicas danosas ao DNA podem ser diretamente "desfeitas" por enzimas na célula.

 

·         Reparo por excisão: Dano a uma ou a umas poucas bases do DNA é frequentemente corrigido por remoção (excisão) e substituição da região danificada. No reparo por excisão de base, apenas a base avariada é removida. No reparo por excisão de nucleotídeo, como no reparo do malpareamento que vimos acima, é removido um retalho de nucleotídeos.

 

 

·         Reparo de quebra de dupla fita: Duas vias principais, a de união das extremidades não homólogas e a recombinação homóloga são utilizadas na correção de quebras de dupla fita de DNA (isto é, quando um cromossomo inteiro se divide em duas partes).3.   CONCLUSÃO

Em resumo, a replicação do DNA é um processo complexo que envolve a atuação de várias enzimas e mecanismos de reparo. Esses mecanismos garantem a fidelidade e a estabilidade do código genético durante a transmissão para as células filhas. A compreensão desses mecanismos é fundamental para a compreensão dos processos celulares e para o desenvolvimento de terapias e tecnologias relacionadas à genética e à biologia molecular.

A replicação do DNA também envolve a ação de outras enzimas, como as DNA primases, que sintetizam pequenos fragmentos de RNA chamados primers. Esses primers servem como iniciadores para a síntese das novas fitas de DNA nas fitas atrasada. O DNA liga-se atua na união dos fragmentos de DNA formados pelos primers, completando a síntese das fitas atrasada.

Após a síntese completa das novas fitas de DNA, é feita uma verificação de erros e correções. Existem mecanismos de reparo de DNA que verificam a integridade do novo DNA e corrigem possíveis erros de replicação. Esses mecanismos ajudam a manter a estabilidade genética e a prevenir o acúmulo de mutações.

O mecanismo biológico é fundamental para a compreensão do funcionamento do organismo vivo, destacando a complexidade e harmonia dos processos que permitem a sobrevivência e adaptação dos seres vivos. O estudo desses mecanismos é realizado por diversas áreas da ciência, como a biologia, a fisiologia e a medicina.


4.   REFERÊNCIA

Watson JD, Crick FH. Molecular structure of nucleic acids; a structure for deoxyribose nucleic acid. Nature. 1953 Apr 25;171(4356):737-8. doi: 10.1038/171737a0. PMID: 13054692.

Kornberg A. DNA replication. W. H. Freeman; 1980.

Alberts B, Johnson A, Lewis J, Raff M, Roberts K, Walter P. Molecular Biology of the Cell. 4th edition. Garland Science; 2002.

Bell SP, Dutta A. DNA replication in eukaryotic cells. Annu Rev Biochem. 2002;71:333-74. doi: 10.1146/annurev.biochem.71.110601.135425. PMID: 12045098.

O'Donnell M, Langston L, Stillman B. Principles and concepts of DNA replication in bacteria, archaea, and eukarya. Cold Spring Harb Perspect Biol. 2013 Oct 1;5(10): a010108. doi: 10.1101/cshperspect.a010108. PMID: 24086042.

 

 

 

 

 

 

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